sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Ensino Fundamental do tempo do onça. Porque empresas investem tanto em treinamentos?


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Elypaschoalick faz uma crítica ao sistema educacional do Ensino Fundamental escrevendo sobre as principais mudanças que urgem em relação ao ambiente escolar. 

Constantemente sou contratada por empresas para treinar funcionários e as queixas são sempre em relação a postura e filosofia de trabalho:

As pessoas não sabem trabalhar em grupo, aguardam sempre uma ordem para agir desta ou daquela maneira e trabalham melhor sobre pressão e vigilância.

Mas onde está a origem de tudo?

A meu ver no Ensino Fundamental, ou seja, nos nove primeiros anos de escolaridade que o brasileiro recebe.

São nove anos sobre as filosofias: “Manda quem pode e obedece quem tem juízo!” e “Cada um para si e Deus para todos!”

São nove anos durante os quais os professores se esmeram em manter os alunos enfileirados e cujo maior desafio é mantê-los sem conversar um com o outro. 

Como podem pretender que se transformem em funcionários que compartilham o saber se a escola proíbe este compartilhar?


 Observem e comparem estas duas fotos! A única coisa que mudou é que no mundo moderno do Ensino Fundamental brasileiro a madeira foi substituída pelo plástico e derivados de petróleo. 



 Em pleno século da comunicação, os professores condenam as crianças e adolescentes a reféns do isolamento. 

Como podem pretender que os funcionários sejam responsáveis e autônomos se a escola barganha tudo que pede para ser feito: dois pontos por participação... (Oras! participação é obrigação de quem está participando.)

Três pontos para tal tarefa se entregue no dia, dois pontos se entregue com dois dias de atraso e um ponto se entregue com uma semana de atraso... (Oras! Tarefa é, segundo o dicionário, obra ou porção de trabalho que se deve acabar num determinado prazo.)

Um décimo para tal resposta... Tudo na escola é motivo para pontuação e estímulos condicionantes, depois querem que os funcionários sejam participativos e cooperativos.

Gente! Condicionamento é exatamente o contrário de independência.

Condicionar é tornar dependente de condição e autonomia é independência administrativa.

E o que dizer dos professores NOTA ZERO que colocam os alunos para vigiarem o comportamento dos colegas?

Depois, a empresa quer que o pessoal trabalhe sem a vigilância de um chefe. 




 
Lembro-me de estudar em História da Educação que o surgimento dos sinais entre as aulas e os chamados intervalos se originou da necessidade das indústrias retirarem os operários de dentro das fábricas, ao toque de uma sirene, para que pudessem jogar água fria no chão e provocar assim o assentamento dos fiapos de algodão que ao se elevarem pelo ar, entravam no nariz do operário e este retirava as mãos do tear para coçar suas narinas.

Bem, vou parar por aqui pois tenho certeza que todos já entenderam porque digo que o Ensino Fundamental brasileiro é do tempo do onça... ou melhor, do tempo dos teares.

Obs.: Este artigo foi publicado no http://megaminas.globo.com/coluna/educacao