FLAGRANTES DAS SALAS DE AULAS DO SÉCULO XXI
QUE DENUNCIAM 200 ANOS DE ATRASO NA EDUCAÇÃO.
Ely
Paschoalick
Mudar é difícil, fingir que
muda é mais fácil e dá visibilidade. A mudança assusta e dá insegurança.
Poderia eu aqui estar a citar
inúmeras afirmações culturais que permeiam o assunto MUDANÇA.
Ou, poderia, se quisesse,
apontar as muitas dificuldades relatadas pelos trabalhadores da educação que se
debruçam sobre projetos inovadores que realmente propõe uma mudança da velha
maneira de ensinar, implantada desde o exército da Prússia, reproduzida pelas
escolas catequistas dos Jesuítas e modernizadas pelos chamados Sistemas de
Ensino, onde se utilizam a velha aula frontal, carteiras enfileiradas, grade
horária, provas externas e internas e outros paradigmas que engessam nosso
sistema educacional em flagrante desobediência à Lei de Diretrizes e Base
Nacional.
"O sistema educacional
prussiano foi o primeiro sistema público de ensino, no qual valores cívicos,
éticos, línguas e matemática eram ensinados. Sua finalidade era unificar a
Prússia, e acabou se valendo para a manipulação da população através desse
sistema de ensino".
https://pt.wikipedia.org/wiki/Wikip%C3%A9dia:Tradu%C3%A7%C3%A3o/Sistema_educacional_prussiano
Mas, preferi, neste artigo, apresentar
algumas fotos tiradas em salas de aulas do século XXI que demonstram a
permanência e a prática de uma filosofia educacional implantada desde 1700.
Foto 1= Crianças assistindo
uma apresentação, possivelmente preparada pelo professor ou retirada do material
de autoria de alguma franquia (Sistema Educacional) em lousa digital.(foto retirada
da internet de uma escola de São Paulo-capital).
Educação 200 anos de atraso
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Século XVIII
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Século XXI
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Como deveria ser ...
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Alunos enfileiradas em sala de aula,
estratégicamente arrumadas para não se comunicarem um com o outro,
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Carteira de madeira
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Estojos de pano (capanga)
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Carteiras altas deixando as crianças com
os pés no ar.
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Cada professor escolhe o melhor lugar, em
seu julgamento, que é para cada um sentar-se. Ora separando os amigos, ora
separando por nível de conhecimento e por outros critérios que o professor
considera adequado para haver um maior rendimento nas atividades propostas
pelo professor.
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Idem: crianças enfileiradas em sala de
aula, estratégicamente arrumadas para não se comunicarem um com o outro,
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Carteira de plástico
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Estojos de plástico
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Idem: Carteiras altas deixando as
crianças com os pés no ar.
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Alunos escolhendo o lugar onde quer
sentar-se e o professor comandando trocas de lugares quando considera que a
escolha do aluno impede a qualidade de
produção das atividades que são propostas pelo professor.
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Estudantes agrupadas em círculo de maneira a
possibilitar que uma olhe para a outra e o professor como estimulador de
conversas e pesquisas entre elas.
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Carteiras e estojos de material
reciclável.
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Móveis proporcionais ao tamanho dos estudantes
para que eles possam descansar os pés no chão.
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Liberdade para o estudante ou seu grupo
decidirem onde e como é mais confortável permanecer para o alcance pelo qual
aquela equipe se reuniu.
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Foto nº 2= Sala de aula com alunos
enfileirados frente a uma lousa digital que projeta o desenho de uma casinha
estereotipada à moda da arquitetura rural ou mesmo urbana de bem antigamente.
Esta foto dispensa comentários, pois somos sabedores
de que uma lousa digital poderia, na pior das hipóteses, levar os estudantes a
fazer um tour através da arquitetura dos diferentes agrupamentos humanos
residentes próximos aos diversos meios ambientes e suas matérias primas, como
por exemplo, as construções de prédios submersos nos oceanos de Dubai, Japão...
Foto 3= Professores oferecem folhas grandes a cada aluno para
que individualmente façam alguma atividade usando seus estojos de materiais. Não sei qual foi a atividade proposta, mas observem que o "modelo
estereotipado" da casa continua a ser projetado.
Após a observação destas três
fotos só posso refletir que mudar é difícil, é muito difícil... Mais fácil é
fingir que mudamos.
É necessário ficarmos sempre
alertas ao processo que se passa dentro de nossos paradigmas para mudarmos, se
assim desejarmos. Quais são as crenças que nos fazem fingir que mudamos
pensando e muitas vezes até afirmando que estamos mudando?
Estejamos atentos, pois Mudança
educacional não depende do externo, do prédio, da atividade, dos móveis, da
sala, do intervalo de tempo, da tecnologia e muito menos do currículo que vamos
desenvolver com o estudante.
Não basta introduzir a
tecnologia para praticar uma educação moderna.
É necessário quebrar
paradigmas, muros, salas, séries, faixa etária, isolamento de professores,
isolamento de estudantes...
Se você flagrar fotos de sala
de aula atual que comprovem o moderno ser apenas “uma cereja no bolo” ou seja,
o moderno estar sobre uma estrutura embolorada e antiga, some-se a mim pelos
comentários deste artigo ou diretamente pelo endereço: elypaschoalick@gmail.com
Conheça o III Manifesto pela Educação onde um grupo de educadores
com representação em quase todos estados da Federação se disponibilizou para
contribuir na construção de um sistema educacional que, efetivamente,
cumpra a LDBEN e apresenta o documento “Mudar a Escola, Melhorar a Educação:
Transformar um País”, por considerar que o mesmo poderá constituir-se num
instrumento de debate e em efetiva mudança.
http://manifestopelaeducacao.blogspot.com.br