terça-feira, 31 de janeiro de 2012

VISITANDO A ESCOLA DA PONTE - Os dois Andrés

                                            Eu e as gestoras da Escola da Ponte: Ana e Eugênia.


Olho pela janela do comboio que me leva da estação ferroviária de Avero até a cidade de Porto para que eu pegue um segundo comboio e chegue à tão sonhada Escola da Ponte, em Vila das Aves, na linha de trem que vai para Guimaranea. 

Suspiro e penso no quanto Deus que é maravilhoso para me trazer até aqui é também poderoso para mudar o panorama educacional de meu país e de Portugal de maneira a oferecer a nós, brasileiros e portugueses um sistema de ensino mais igualitário que estimule nas crianças e adolescentes o respeito e admiração aos professores e o desejo de estudar e aprender. 

Infelizmente, nossas escolas estão estruturadas em um sistema capitalista, político e econômico de exclusão ao diferente. 

A competição, a reprovação, as provas, os conteúdos programáticos e principalmente as metodologias de ensino que vigoram em Portugal e no Brasil, não consideram os avanços tecnológicos  que a humanidade conquistou, avanços estes que se fazem presentes em outros segmentos como a engenharia, a medicina e até a culinária.

Foto da frente da escola que está bem no mural da entrada. Linda mensagem para mudar!!


Podemos considerar que Portugal avançou em alguns aspectos como ensino de período integral, aumento do tempo de duração das aulas, interpretação de textos dedutivas e analíticas onde o aluno recebe oportunidade para pensar e criar hipóteses.

Mas em relação a cidadania, em relação a educação ainda se pratica a educação pelo medo, pela exclusão e pelo castigo. 

Bem, finalmente chego a Ponte e logo conheço um adolescente de quase 14 anos que se chama André. Ele está atarefado pois na próxima sexta-feira vai presidir a primeira Assembléia Geral do ano de 2012.
Observo que ele está se reunindo com colegas no horário em que todos já se retiraram da escola e aproveita a oportunidade para estimular a faxineira a comparecer  na assembléia pois serão tratados alguns assuntos referentes à limpeza. 

Muito compenetrado e responsável em seu papel de presidente André me cumprimenta, responde a algumas perguntas que lhe faço e logo trata de se ocupar do objetivo pelo qual permaneceu em horário extra na Escola. Planejar a assembléia que acontecerá daqui a três dias.

                                           Eu e André presidente eleito da Assembléia 2012.

De imediato torno-me sua amiga e admiradora e ao longo dos três dias que lá permaneci estabelecemos laços de amizade e respeito. 

Desde os 7 anos de idade, os alunos da Ponte, recebem sozinhos os visitantes e explicam cada detalhe de funcionamento da escola com a segurança de quem fala da própria experiência. No outro dia pela manhã a diretora me apresenta outro André, desta feita mais novo, com apenas 8 anos e diz que este será meu cicerone.

                                                       ANDRÉ, MEU CICERONE

Fico encantada como que ele respeita meus desejos, meu tempo, meus interesses e ao mesmo tempo as regras do espaço e a adequação dos meus objetivos com a movimentação dos alunos e da escola. 

A primeira atividade nossa é irmos conhecer os direitos e deveres dos visitantes e aprendo que tenho o direito de tirar foto de todos os murais.

Me interesso por algo artístico que está exposto no mural das escadas e paro para observar melhor. André muito gentilmente me convida a ficar mais perto do parapeito para que não impeça o ir e vir dos alunos pela escadaria.


Parabéns por esta estratégia de um próprio aluno apresentar a escola ela desinibe o aluno, oferece oportunidade dele aprender a se comunicar com estranhos, estimula o amor do aluno pela metodologia da escola, cria fidelidade entre o aluno e os dispositivos de sua escola, libera os funcionários da escola de acompanhar visitantes e acolhe os visitantes com o que há de mais precioso no ambiente escolar: O ALUNO.

Acompanhando André pela Escola da Ponte podemos ver na prática o que Frenet escrevia: «Organizamos minuciosamente a vida da escola para que desta organização decorram naturalmente o equilíbrio e a harmonia» .

                                           Vista parcial de uma ampla sala de trabalho
                                                   onde um agrupado heterogêneo
                                    de alunos estudam com autonomia e responsabilidade.

Obrigada Pacheco por estruturar tão bem esta escola dos sonhos de qualquer educador
pois assim podemos defender melhor nossas idéias de educadores provando que é POSSÍVEL FAZER O DIFERENTE COM ORDEM E DECÊNCIA E SUPERANDO OS RESULTADOS como demonstram os resultados dos exames que o governo aplica, ao final do ano, nos alunos de todas as escolas:  Os alunos da Ponte se destacam com louvor!

Obs.: Aguardem novas postagens sobre minha visita na Ponte pois estou preparando uma série de artigos que fará você se tornar fã desta escola que não é uma experiência e sim uma realidade.