segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

46- RESPONSABILIDADE...RESPONSABILIDADE...REUNIÃO DE ESPONSABILIDADE


Quem chega a Escola da Ponte as sextas-feiras escuta um zum..zum...zum...animado entre todos aguardando ansiosos o horário da REUNIÂO DE RESPONSABILIDADE.

Em todos os murais há a programação do dia e em cada um deles está escrito: 15h00 Reunião de responsabilidade.



É muito interessante este instrumento de formação de cidadania que além de auxiliar o aluno a conquistar sua autonomia também o envolve como participante e gerente de sua própria escola.

Os grupos de responsabilidades constituem um dos dispositivos que possibilita a fidelidade do aluno à escola e sobretudo o GOSTAR DE IR A ESCOLA

Constitui um recurso simples, sem custos  e que pode ser  adotado em qualquer ambiente escolar desde que haja gestão democrática que valoriza a livre escolha.

Nas duas primeiras semanas do ano escolar, quando a escola é “instalada” aos poucos e com todos os seus dispositivos pedagógicos, os murais estão vazios e os alunos se juntam em grupos aleatórios para iniciarem a organização da escola.

PROFESSOR COMO ORIENTADOR EDUCATIVO

Uma das tarefas de todos os alunos nesta “instalação da escola” é se oferecer, pelo menos em três hipóteses de responsabilidade, de acordo com seus desejos e habilidades.

Assim, o aluno faz sua opção e inicia-se um processo comandado pela observação do professor que funcionando como um “ORIENTADOR EDUCATIVO” gerencia um processo de escolha...negociação...responsabilidade...autonomia.

Os GRUPOS DE RESPONSABILIDADES, seus direitos e deveres, suas funções são, ano a ano, elencados de acordo com as necessidades da rotina diária da escola, amplamente discutidos e debatidos até que se forme uma listagem de responsabilidades para funcionar durante aquele ano letivo. Entre elas temos:

5 R = grupo que cuida da reciclagem do lixo
Mural
Jornal
Rádio e computador
Jardim
Eventos
Comenius = grupo que efetua o projeto de intercâmbio com alunos da Alemanha.
Jogos e brinquedos


Além destes GRUPOS DE RESPONSABILIDADE ainda há na gestão feita pelos alunos a diretoria da ASSEMBLÉIA que acontece semanalmente, a COMISSSÃO DE AJUDA que auxilia diariamente nos problemas disciplinares e a comissão de cicerones que recepcionam os visitantes. Desta maneira um mesmo aluno pode acumular dois cargos como por exemplo: secretário da ASSEMBLÉIA e membro do grupo de RESPONSABILIDADE DO JARDIM.


COMO FUNCIONAM OS GRUPOS DE RESPONSABILIDADE
               
Para além da gestão dos conflitos, a gestão da vida na escola é de responsabilidade coletiva, por isso, no início de cada ano letivo se definem as necessidades de organização da escola e se criam grupos de responsabilidade que irão dar respostas a essas mesmas necessidades. Os grupos de responsabilidade (Refeitório, Terrário e Jardim, Clube dos Limpinhos, 3Rs, Eco-Pontos, Arrumação e Material Comum, Biblioteca, Jogos e Vídeo, Jornal, Computadores e Música, Correio da Ponte, Recreio Bom, Mapas de Presença e Datas de Aniversário, Cabides e Guarda-Chuvas, entre outros) surgem precisamente para envolver muito mais o aluno no seu processo de construção pessoal, promovendo uma atitude responsável, colaborativa e um envolvimento que desenvolve em cada um dos alunos a ideia de que Estudar não é só ler nos livros; também é repartir, também é saber dar o que a gente souber dividir para multiplicar.
Com estas palavras os profissionais da Ponte narram um pouco do que é o grupo de responsabilidade.

Cada grupo se institui e se reúne semanalmente para efetuar tudo o que envolve as atividades necessárias para a existência e preservação daquele aspecto a que o grupo se destina.

Assim sendo um grupo de responsabilidade do jardim, por exemplo, vai efetivar as seguintes tarefas:
-decisão do que plantar nos jardins.
-alavancar recursos para os jardins.
-plantio e preservação dos jardins.
-criação de regras para utilização, opiniões e preservação dos jardins pelos colegas.
-organização de campanhas e comunicados para que os colegas saibam o que o grupo anda objetivando.

Enfim, os alunos do grupo de responsabilidade pelos jardins são os organizadores, realizadores, utilizadores e responsáveis pelo jardim como um bem comum a todos da escola.

O grupo de responsabilidade do jornal vai elaborar, confeccionar e divulgar o jornal da escola.

Além destes grupos de responsabilidade, como já explicado acima, os alunos ainda se reúnem em quatro outros grupos muito significativas na formação dos jovens cidadãos que são:

1-Comissão de ajuda que auxilia na construção de um bom comportamento e relacionamento entre os alunos-professores-funcionários-comunidade.

2-Reunião da Assembléia que trata da organização coletiva da escola.

3-Comissão de visitas que se encarregam de não só receber as visitas e demonstrar a escola como também elaborar, divulgar e controlar os direitos e deveres dos visitantes.

4-Reuniões de PARTILHA que são momentos destinados para os alunos compartilharem com os colegas sobre algo em que ele está envolvido como por exemplo um trabalho, uma pesquisa, uma redação ou mesmo algo que ele está vivendo ou experimentando como foi uma partilha que assisti onde a aluna estava a se perguntar se Deus existia ou não.

Bem, mas estes quatro grupos que se reúnem semanalmente em momentos de grande aprendizado são assuntos de outros artigos que escreverei futuramente.

Mesa do grupo de responsabilidade dos jogos do refeitório.

Finalizando quero ressaltar que os grupos de responsabilidade são heterogêneos sendo formados por alunos de diferentes idades e diferentes níveis de aprendizagem e conhecimento de maneira que cada um possa dar o melhor de si para todos.  

A Escola da Ponte, em Portugal, e outras centenas pelo mundo, que nela se inspiram, contam com duas armas que as auxiliam a procurar fazer sempre melhor e com mais exigência na excelência:
ACREDITAR NO QUE FAZ
SER COMUNIDADE.


Mesa do grupo de responsabilidade com os materiais didáticos


Reunião do grupo de responsabilidade do Jornal da Escola da Ponte.

Comunicado gerado pelo grupo de responsabilidade do Jornal e publicado no mural da escola.

Vamos acreditar que há solução para a educação!



















45- NOTA ZERO A QUEM DÁ LIMPEZA COMO CASTIGO VAMOS INSTITUIR COMITÊS DE RESPONSABILIDADE.


Este e outros artigos dando nota zero a professores estão no site


Vamos aprender com a Ponte. 

Sou educadora que defende a educação pela consciência, pela participação, pela partilha, pela convivência, pela  sabedoria de que o meu direito termina quando começa o direito do outro.

Para que tudo acima citado seja introjetado positivamente no cotidiano do indivíduo é necessário que este tenha não só possibilidades de construir e conquistar sua independência como também ter oportunidades de exercer  seus direitos e deveres. 

Quando digo que a Escola da Ponte é um exemplo para Brasil, Portugal e educadores do século XXI seguirem me refiro ao fato de ter ido visitar escolas públicas de educação fundamental em Portugal onde os alunos de mau comportamento são condenados a limpar o pátio. 

Este é um exemplo de educação pelo castigo e humilhação. 

 A pessoa humilhada pode desenvolver um sistema de NÂO SENTIR ou NÂO PENSAR e afasta a mudança comportamental.

É preciso envolver o aluno de maneira que ele escolha obedecer e não obedeça pelo medo ou para agradar.

Pátio é lugar de não sujar e se sujo for, deve-se ter uma comissão DE ALUNOS para limpá-lo apenas para que todos desfrutem de um pátio limpo; apenas porque é necessário haver alguém que o limpe e não para castigar ou humilhar alguém pois não há nada de humilhante ou castigador em efetuar limpezas.

Quando se institui o castigo de limpar o pátio para aqueles que têm mau comportamento em sala de aula, estamos provocando várias conseqüências, provavelmente na contramão da autonomia,  no grupo social.

Vou citá-las enumerando-as com letras, pois não há uma primeira e uma última e muito menos uma mais grave e outra menos grave e necessariamente nem todas acontecem com todos:

                a)Mandar os maus comportados limpar o pátio é um castigo que não é por reciprocidade, isto quer dizer, não há uma conseqüência lógica entre causa e efeito. Não foi quem sujou que tem a limpar e sim quem se comporta mal.

                b) Mandar os maus comportados limpar o pátio é um castigo que possibilita ao que se comporta mal em sala de aula apenas aprende a se comportar mal com mais malícia ou malandragem de maneira a não se deixar ser flagrado, pois se assim o for irá receber um castigo de limpar a sujeira dos outros.

                c)Se instala no grupo social o preconceito de que fazer a limpeza é um castigo que merece as pessoas más enquanto na realidade limpar a sujeira é um ato de higiene necessário em todas as atividades humanas.

                d)Desvincula o grupo que suja da obrigação de manter limpo seu lugar de lazer ou meio ambiente estimulando a irresponsabilidade.

                e)Estimula o grupo que suja a sujar mais pois assim aqueles que lhe atrapalham as aulas serão também atrapalhados por eles. Estimula a vingança e a provocação.

                f)Os alunos condenados a limpar, o farão apenas e somente sobre o efeito da autoridade e do medo de um castigo maior e não sentem prazer em fazê-lo. Tratando-se de ambiente educador a atividade de limpar seu ambiente deve ser prazerosa uma vez que higiene é saúde e saúde é vida e preservar a vida é importante.

Por estas e por outras razões NOTA ZERO A QUEM DÁ LIMPEZA COMO CASTIGO E NOTA DEZ para quem, como a ESCOLA DA PONTE, institui comitês de responsabilidade da limpeza que organiza campanhas de limpeza,  controla as peças dos jogos entre outras atividades.

Na Escola da Ponte os alunos escolhem participar de alguma comissão de responsabilidade onde ele se envolve na conservação do lugar e planejamento das atividades.
 
NOTA ZERO A QUEM EDUCA PELO CASTIGO SEM RECIPROCIDADE.

NOTA DEZ PARA A ESCOLA DA PONTE QUE CASTIGA POR RECIPROCIDADE AQUELE QUE SE ATRASA. Se um aluno na Ponte chega atrasado a alguma atividade, permanece aquele exato período de tempo que se atrasou, sem ir ao pátio ou ao intervalo, para se ocupar dos estudos no período em que se furtou deles por atraso.  Isto é reciprocidade.

  Na Escola da Ponte, o ir e vir com liberdade de escolha é uma prática do respeito e da responsabilidade que cada aluno vivencia na construção de um ambiente organizado.