terça-feira, 29 de maio de 2012

48- Normas da ABNT para professores nota zero.


Lembro-me de uma discussão com uma professora quando cursava a faculdade de filosofia.

Ela chegava aos sábados para seu horário de aula dupla, ligava o retroprojetor, colocava a sala na penumbra e projetava infindáveis lâminas digitadas em tipos tamanho 12, sem margens.

Depois, com voz monótona lia tudo que estava sendo projetado.

Acompanhava a leitura descendo uma régua que permitia que ela não perdesse tempo procurando em que linha estava.

No dia da discussão, cutuquei a onça com vara curta perguntando-lhe na aula:

_Professora existem normas da ABNT para lâminas de professores ou só para trabalhos de alunos?

Pronto, estava detonada a 3ª guerra mundial.

A temida Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) era um pesadelo a todos os alunos, havia até aqueles que faturavam uma graninha para o lanche formatando os trabalhos dos colegas dentro das normas da ABNT.

Aquela professora era uma grande conhecedora de sua matéria e uma pesquisadora com rigor científico. Eu admirava muito seu conhecimento e muitas vezes me beneficiei com seus comentários objetivos e pertinentes que enriqueciam meus projetos.

Mas no tocante a repassar conhecimento aquela professora era nota zero.

Percebia-se claramente que ela, sendo auditiva, acreditava que para todos nós bastava ouvir para aprender. Ledo engano!

Há, segundo a neurolinguística,  pessoas com percepções auditivas, outras visuais e outras ainda cinestésicas.

Para os auditivos sim, é relevante ouvir as explicações para conhecer e refletir sobre o que está ouvindo, mas para os visuais o importante é ver e para os cinestésicos é primordial que ele receba estímulos do movimento ou seja do fazer ou imaginar fazendo.

Acontece que sou visual e para nós visuais, as lâminas daquela professora, apenas com escritos e sem uma formatação com margens e grifos constituíam uma quase que agressão e contavamos com angústia os segundos que faltavam para o término da aula castigo.
Ivone Boechat em seu artigo: “Ensinar é aprender, não é transmitir conhecimentos” afirma: O professor, como agente de comunicação, transformou-se num dos mais pobres recursos e dos mais ricos. Quando se imagina dono da verdade, rei do currículo, imperador do pedaço, mendiga e se frustra. Quando se apresenta cheio de humildade, de compreensão e vontade de aprender, resplandece e brilha!

Link para colocar nas palavras: Ensinar é aprender, não é transmitir conhecimentos http://www.anj.org.br/jornaleeducacao/biblioteca/artigos/ensinar-e-aprender-nao-e-transmitir-conhecimentos


NOTA ZERO por colocar a sala na penunbra.

NOTA ZERO por acreditar que o conteúdo tem mais peso do que a transmissão do mesmo.

NOTA ZERO por defender uma posição de que basta ouvir para aprender.

NOTA ZERO para professores que lêem suas aulas.

Seria muito bom sim, que os professores pudessem conhecer as diretrizes orientadas pela ABNT para que os treinamentos sejam feitos com êxito.

Aguardo com ansiedade as reformas pluricognicivas dos currículos acadêmicos que já se iniciam no sul de nosso país, pois oferecer recursos didáticos aos professores é o início de uma real reforma didática na educação.

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