Lembro-me
de uma discussão com uma professora quando cursava a faculdade de filosofia.
Ela
chegava aos sábados para seu horário de aula dupla, ligava o retroprojetor,
colocava a sala na penumbra e projetava infindáveis lâminas digitadas em tipos
tamanho 12, sem margens.
Depois,
com voz monótona lia tudo que estava sendo projetado.
Acompanhava
a leitura descendo uma régua que permitia que ela não perdesse tempo procurando
em que linha estava.
No
dia da discussão, cutuquei a onça com vara curta perguntando-lhe na aula:
_Professora
existem normas da ABNT para lâminas de professores ou só para trabalhos de
alunos?
Pronto,
estava detonada a 3ª guerra mundial.
A
temida Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) era um pesadelo a todos
os alunos, havia até aqueles que faturavam uma graninha para o lanche
formatando os trabalhos dos colegas dentro das normas da ABNT.
Aquela
professora era uma grande conhecedora de sua matéria e uma pesquisadora com rigor
científico. Eu admirava muito seu conhecimento e muitas vezes me beneficiei com
seus comentários objetivos e pertinentes que enriqueciam meus projetos.
Mas
no tocante a repassar conhecimento aquela professora era nota zero.
Percebia-se
claramente que ela, sendo auditiva, acreditava que para todos nós bastava ouvir
para aprender. Ledo engano!
Há,
segundo a neurolinguística, pessoas com
percepções auditivas, outras visuais e outras ainda cinestésicas.
Para
os auditivos sim, é relevante ouvir as explicações para conhecer e refletir
sobre o que está ouvindo, mas para os visuais o importante é ver e para os
cinestésicos é primordial que ele receba estímulos do movimento ou seja do fazer
ou imaginar fazendo.
Acontece
que sou visual e para nós visuais, as lâminas daquela professora, apenas com
escritos e sem uma formatação com margens e grifos constituíam uma quase que
agressão e contavamos com angústia os segundos que faltavam para o término da
aula castigo.
Ivone Boechat em seu artigo: “Ensinar
é aprender, não é transmitir conhecimentos” afirma: O professor, como agente de comunicação,
transformou-se num dos mais pobres recursos e dos mais ricos. Quando se imagina
dono da verdade, rei do currículo, imperador do pedaço, mendiga e se frustra.
Quando se apresenta cheio de humildade, de compreensão e vontade de aprender,
resplandece e brilha!
Link para colocar nas palavras: Ensinar é
aprender, não é transmitir conhecimentos
http://www.anj.org.br/jornaleeducacao/biblioteca/artigos/ensinar-e-aprender-nao-e-transmitir-conhecimentos
NOTA ZERO por colocar a
sala na penunbra.
NOTA ZERO por acreditar
que o conteúdo tem mais peso do que a transmissão do mesmo.
NOTA ZERO por defender
uma posição de que basta ouvir para aprender.
NOTA ZERO para professores
que lêem suas aulas.
Seria
muito bom sim, que os professores pudessem conhecer as diretrizes orientadas
pela ABNT para que os treinamentos sejam feitos com êxito.
Aguardo
com ansiedade as reformas pluricognicivas dos currículos acadêmicos que já se
iniciam no sul de nosso país, pois oferecer recursos didáticos aos professores
é o início de uma real reforma didática na educação.
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