Olho pela janela do comboio que me leva da estação
ferroviária de Avero até a cidade de Porto para que eu pegue um segundo comboio
e chegue à tão sonhada Escola da Ponte, em Vila das Aves, na linha de trem que
vai para Guimaranea.
Suspiro e penso no quanto Deus que é maravilhoso para me
trazer até aqui é também poderoso para mudar o panorama educacional de meu país
e de Portugal de maneira a oferecer a nós, brasileiros e portugueses um sistema
de ensino mais igualitário que estimule nas crianças e adolescentes o respeito
e admiração aos professores e o desejo de estudar e aprender.
Infelizmente, nossas escolas estão estruturadas em um
sistema capitalista, político e econômico de exclusão ao diferente.
A competição, a reprovação, as provas, os conteúdos
programáticos e principalmente as metodologias de ensino que vigoram em Portugal
e no Brasil, não consideram os avanços tecnológicos que a humanidade conquistou, avanços estes
que se fazem presentes em outros segmentos como a engenharia, a medicina e até
a culinária.
Foto da frente da escola que está bem no mural da entrada. Linda mensagem para mudar!!
Podemos considerar que Portugal avançou em alguns aspectos como
ensino de período integral, aumento do tempo de duração das aulas,
interpretação de textos dedutivas e analíticas onde o aluno recebe oportunidade
para pensar e criar hipóteses.
Mas em relação a cidadania, em relação a educação ainda se
pratica a educação pelo medo, pela exclusão e pelo castigo.
Bem, finalmente chego a Ponte e logo conheço um adolescente
de quase 14 anos que se chama André. Ele está atarefado pois na próxima
sexta-feira vai presidir a primeira Assembléia Geral do ano de 2012.
Observo que ele está se reunindo com colegas no horário em
que todos já se retiraram da escola e aproveita a oportunidade para estimular a
faxineira a comparecer na assembléia
pois serão tratados alguns assuntos referentes à limpeza.
Muito compenetrado e responsável em seu papel de presidente
André me cumprimenta, responde a algumas perguntas que lhe faço e logo trata de
se ocupar do objetivo pelo qual permaneceu em horário extra na Escola. Planejar
a assembléia que acontecerá daqui a três dias.
Eu e André presidente eleito da Assembléia 2012.
De imediato torno-me sua amiga e admiradora e ao longo dos
três dias que lá permaneci estabelecemos laços de amizade e respeito.
Desde os 7 anos de idade, os alunos da Ponte, recebem
sozinhos os visitantes e explicam cada detalhe de funcionamento da escola com a
segurança de quem fala da própria experiência. No outro dia pela manhã a
diretora me apresenta outro André, desta feita mais novo, com apenas 8 anos e
diz que este será meu cicerone.
ANDRÉ, MEU CICERONE
Fico encantada como que ele respeita meus desejos, meu
tempo, meus interesses e ao mesmo tempo as regras do espaço e a adequação dos
meus objetivos com a movimentação dos alunos e da escola.
A primeira atividade nossa é irmos conhecer os direitos e
deveres dos visitantes e aprendo que tenho o direito de tirar foto de todos os murais.
Me interesso por algo artístico que está exposto no
mural das escadas e paro para observar melhor. André muito gentilmente me
convida a ficar mais perto do parapeito para que não impeça o ir e vir dos
alunos pela escadaria.
Parabéns por esta estratégia de um próprio aluno apresentar
a escola ela desinibe o aluno, oferece oportunidade dele aprender a se
comunicar com estranhos, estimula o amor do aluno pela metodologia da escola,
cria fidelidade entre o aluno e os dispositivos de sua escola, libera os
funcionários da escola de acompanhar visitantes e acolhe os visitantes com o
que há de mais precioso no ambiente escolar: O ALUNO.
Acompanhando André pela Escola da Ponte podemos ver na
prática o que Frenet escrevia: «Organizamos minuciosamente a vida da escola
para que desta organização decorram naturalmente o equilíbrio e a harmonia» .
Vista parcial de uma ampla sala de trabalho
onde um agrupado heterogêneo
onde um agrupado heterogêneo
de alunos estudam com autonomia e responsabilidade.
Obrigada Pacheco por estruturar tão bem esta escola dos
sonhos de qualquer educador
pois assim podemos defender melhor nossas idéias de
educadores provando que é POSSÍVEL FAZER O DIFERENTE COM ORDEM E DECÊNCIA E
SUPERANDO OS RESULTADOS como demonstram os resultados dos exames que o governo aplica, ao final do ano, nos alunos de todas as escolas: Os alunos da Ponte se destacam com louvor!
Obs.: Aguardem novas postagens sobre minha visita na Ponte pois estou preparando uma série de artigos que fará você se tornar fã desta escola que não é uma experiência e sim uma realidade.
Minha querida Ely, Aveiro te espera sempre. Venha quando quiser, quando puder, quando Deus mandar .... amamos vc. Bjusss
ResponderExcluirTelma Pereira
Ely, que experiência maravilhosa! Digna de uma educadora de seu porte. Eu já conhecia alguma coisa da Ponte, mas nem de longe o que eu sabia trouxe a emoção de suas palavras. Parabéns! Você está sempre em ótima companhia, com sua fé e este enorme coração.
ResponderExcluirBeijos
Ivone Parente
Que sonho! Esse de conhecer de perto a Ponte. Ainda não fui, mas vejo que por aqui, plantado pelo Pacheco e tantos outros brasileiros e brasileiras, estão a nascer Pontes e logo não mais será preciso irmos à Ponte portuguesa. Lindo relato. Parabéns! Regina - Projeto Âncora
ResponderExcluirQUE ESPECIAL ESTA ESCOLA ELY. AMEI, JÁ ME APAIXONEI.
ResponderExcluirESTE CICERONE DE 8 ANOS - ANDRÉ É DEMAIS.
QUE DEUS ABENÇÕE ESTA ESCOLA DA PONTE E AMPLE ESTA VISÃO
PARA OUTRAS ESCOLAS DO MUNDO INTEIRO.
GRAÇA
Regina, realmente é um sonho, mas o melhor deste sonho é que ele é realidade e realizavel. Vamos divulgar cada vez mais.
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