terça-feira, 3 de setembro de 2013

A cada dia, oito professores concursados desistem de dar aula nas escolas estaduais paulistas e se demitem.



A total desvalorização do professor, a desqualificação do  aluno e suas necessidades, o desprezo às mudanças do mercado de trabalho e a cegueira frente à nova estrutura e dinâmica familiar são fatores que escravizam professores e alunos aprisionando-os em um sistema de ensino falido e ineficaz que extingue a profissão de MESTRE.
Numa tentativa de sobrevivência de seus ideais, alguns professores migram para a rede municipal que agora conta com o reforço das dez "grades" "sugeridas" pelo governo do ex-ministro da Educação que, no meu entender, aprisionarão mais ainda professores, alunos e pais.
1=TCC ao 9º ano em lugar de ensinar a pesquisar, analisar e trocar idéias desde o 1º ano;
2= reprovação em lugar de garantir aprendizado a todos e a cada um;
3=recuperação ao final do ano em lugar de recuperação a todo momento em que não houver o aprendizado;
4= curso profissionalizante particulares e financiados ao final do 9º ano em lugar de políticas públicas que contemplem o protagonismo jovem e a prática da cidadania democrática com universidades públicas para todos;
5= lição de casa obrigatória em lugar de lições de casa que o aluno seja garantidamente capaz de fazê-la sozinho;
6= boletim para os pais na internet com sugestões para os pais de como melhorar o rendimento de seus filhos em lugar de criar e efetivar estratégias para a Escola, através de seus profissionais, resolver os problemas de aprendizado dos alunos;
7= mudança para os maiores de 10 anos nas notas reduzindo-as de zero a dez no lugar de pagar hora extra para os professores elaborarem um relatório que realmente auxilie alunos tutorados por  professores a garantir o aprendizado ou na pior das hipóteses, que o brasileiro saiba fazer regra de três já que é obrigado a ter nota numérica;
8=prova bimestral em lugar de pagar hora extra aos educadores para mensalmente ou semanalmente a escola se reunir e criar estratégias para correção de rota resolvendo os problemas de cada aluno e de todos os alunos observados pelos professores;
9= dividir os alunos em ciclos separados por provas classificatórias no lugar de derrubar as paredes físicas, emocionais e intelectuais que seccionam o ambiente escolar;
10=dependência no 7º e 8º anos no lugar de recuperação constante, inserida no horário escolar, referente a cada conteúdo ensinado e não aprendido pelo aluno.   

O conjunto destas medidas é similar ao enjaular em pequenas celas frias de laboratórios de inseminação artificial, os animais em extinção, na tentativa insana de garantir sua reprodução. 
e LUTEMOS para que as dez grades não venham a somar na estatística de evasão de mestres e alunos das instituições escolares da maior cidade da América Latina e que esta “moda” não se propague pelas sofridas paragens educacionais brasileira.
ElyPaschoalick

6 comentários:

  1. Ótimo texto, mas uma coisa ficou de fora e para mim como educadora é um dos monstros que assola a educação pública/privada do país, a indisciplina, falta de respeito para com o professor, desinteresse pelo aprendizado.
    Como fazer a educação funcionar, onde em uma escola de ciclo II é precisar por uma grade chumbada no corredor para impedir que turmas de 6º e 7º ano não se degladiem com os alunos 8º e 9º anos,durante os intervalos, sendo que essa grade já foi arrancada por eles duas vezes...como tolerar uma escola onde não se pode servir laranjas ou maçãs no lanche, pois eles fazem guerra uns contra os outros, machucando-se e atingindo tbém inspetores. O caso da educação falida no Brasil, vai muito além da falta de recursos, professores bem preparados é afinal um caso de indisciplina total. Essa é a realidade em que vivo...Atualmente não se cobra nada desses alunos, fazem o que querem, seus pais não se importam, e aqueles professores como eu que tentam fazer alguma coisa cobra a disciplina,trás material impresso de casa, pois a escola não tem recursos,tanta fazer o seu melhor, não tem apoio de diretores e coordenadores...enfim logo estarei fazendo parte da estatística dos que abandonam a carreira. Desculpe pelo desabafo.

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    1. Querida Glória! Realmente você tem razão. A indisciplina aumenta a cada dia. No entanto temos vários testemunhos com mudanças significativas de lugares que começam a reunir seus estudantes em pequenas assembleias ou rodas de conversas com o objetivo dos mesmos participarem da decisão de valores que devem ser respeitados e das regras que devem ser cumpridas para o bem comum daquela comunidade, Mas, para isto é necessário ter a coragem de parar um pouco com o mecanicismo e conteudismo e enxergar as pessoas que estão à frente de cada educador. Eu ainda tenho esperança de Mudar a Escola, Melhorar a Educação e Transformar um país.

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  2. O maior desafio do professor neste nosso século, é tentar ensinar aquele que definitivamente não quer aprender.

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    1. Querida Glória
      Convido você a analisar as propostas que fazemos no documento Manifesto pela Educação.
      São mudanças reais na rotina do dia a dia da escola que possibilitam retomar a formação de vínculos afetivos os quais possibilitam o aprendizado.
      Conto com você para trabalharmos por tais mudanças.
      ElyPaschoalick

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  3. Ótimo texto, mas uma coisa ficou de fora e para mim como educadora é um dos monstros que assola a educação pública/privada do país, a indisciplina, falta de respeito para com o professor, desinteresse pelo aprendizado.
    Como fazer a educação funcionar, onde em uma escola de ciclo II é precisar por uma grade chumbada no corredor para impedir que turmas de 6º e 7º ano não se degladiem com os alunos 8º e 9º anos,durante os intervalos, sendo que essa grade já foi arrancada por eles duas vezes...como tolerar uma escola onde não se pode servir laranjas ou maçãs no lanche, pois eles fazem guerra uns contra os outros, machucando-se e atingindo tbém inspetores. O caso da educação falida no Brasil, vai muito além da falta de recursos, professores bem preparados é afinal um caso de indisciplina total. Essa é a realidade em que vivo...Atualmente não se cobra nada desses alunos, fazem o que querem, seus pais não se importam, e aqueles professores como eu que tentam fazer alguma coisa cobra a disciplina,trás material impresso de casa, pois a escola não tem recursos,tanta fazer o seu melhor, não tem apoio de diretores e coordenadores...enfim logo estarei fazendo parte da estatística dos que abandonam a carreira. Desculpe pelo desabafo.

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    1. Realmente Glória, você tem razão. Não tem de que desculpar pois é necessário que tenhamos espaços para desabafar. Nós professores e alunos estamos afogados em normas e grades de um sistema do século XIX que nos aprisiona e que só serve para colhermos este quadro triste que você tão bem descreve.
      Vamos juntas construir uma nova rotina de sala de aula para transformar nosso país onde os jovens e crianças se tornam cada dia mais "nem" nem estudam e nem trabalham. Abraços e obrigada por usar este espaço para ser tão sincera.
      ElyPaschoalick

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